quarta-feira, 22 de junho de 2011

Belle èpoque no Brasil



É mais um estado
de espírito

     Costuma-se definir Belle Époque como um período de pouco mais de trinta anos que, iniciando-se por volta de 1880, prolonga-se até a Guerra de 1914.
     Mas essa não é, logicamente, uma delimitação matemática: na verdade, Belle Époque é um estado de espírito, que se manifesta em dado momento na vida de determinado país.
     No Brasil, a Belle Époque situa-se entre 1889, data da proclamação da República, e 1922, ano da realização da Semana da Arte Moderna em São Paulo, sendo precedida por um curto prelúdio – a década de 1880 – e prorrogada por uma fase de progressivo esvaziamento, que perdurou até 1925.
     Seria impossível entender a Belle Époque brasileira fora de suas vinculações com a França. Na segunda metade do Século 19, cinco grandes exposições internacionais realizadas em Paris indicaram, aos pintores e escultores do mundo inteiro, a tendência estética mais em voga.
     A primeira dessas exposições, a de 1855, foi o decisivo confronto entre os adeptos do neoclássico Dominique Ingres e do romântico Eugène Delacroix, com a vitória final destes últimos – e, portanto, do Romantismo.
     Gustave Courbet, cujas obras tinham sido recusadas, ergueu, a pouca distância do recinto da mostra, seu próprio «Pavilhão do Realismo».
     Doze anos depois, o recusado de 1855 tornava-se o herói do dia: a Exposição de 1867 representou a vitória de Courbet e do Realismo, além de mostrar à Europa os pre-rafaelitas ingleses.
     Desta vez, o júri cortara Manet que, inconformado, também expôs em um pavilhão improvisado.
     A Exposição de 1878 marcou o início da consagração do Impressionismo. A de 1889, representou o triunfo dos simbolistas e, finalmente, a de 1900 assinalou a consagração do Art Nouveau.
     Nas três exposições acima citadas estiveram presentes pintores do Brasil. Na de 1878, Augusto Rodrigues Duares. Na de 1889, Henrique Bernardelli, medalha de bronze, e Manuel Teixeira da Rocha, grande medalha de ouro. Na de 1900, Pedro Américo, Pedro Weingartner e Eliseu Visconti, este último contemplado com medalha de prata.
     Essas medalhas, nem sempre correspondiam aos méritos do artista. Concebidas como gigantescos mostruários da indústria e do comércio franceses, visando a angariar novos mercados em países distantes, tais exposições costumavam conceder quase tantos prêmios quantos eram os expositores.
     Participando dessas exposições, simplesmente visitando-as, ou folheando seus catálogos, artistas de outras terras entraram em contato com a última moda artística, que os mais talentosos logo adotaram.
     Desse modo, decerto, foi que o Realismo, Impressionismo, Simbolismo, Pontilhismo e Art Nouveau – movimentos estéticos do período chamado Belle Époque atravessaram o Atlântico e chegaram às Américas e ao Brasil.
  
             
A França sempre
presente
Artistas brasileiros
premiados na França
Fonte: Arte no Brasil – Abril Cultural.

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